Apresentam-se neste trabalho os aspectos relevantes do projeto e execução do reforço da ponte sobre o Rio Chapecó, construída em 1975, no km 559 da BR-282, no sudoeste do Estado de Santa Catarina. Esta ponte constitui-se na principal ligação rodoviária da capital Florianópolis com o extremo oeste do estado na fronteira com a Argentina. Totalizando 255 m de comprimento e largura de 10 m, a ponte é constituída por uma viga contínua com seção unicelular, de altura variável, composta por três vãos e dois balanços. O vão central possui 115 m de comprimento e foi construído pelo método dos balanços sucessivos. Já os vãos laterais e os balanços, com 60 m e 10 m de comprimento, respectivamente, foram executados sobre escoramento direto. Os pilares foram moldados em concreto armado e assentes sobre tubulões, também em concreto armado, executados a ar comprimido. Desde a sua inauguração, a ponte sobre o Rio Chapecó vem apresentando problemas estruturais e de deformação, tendo sido motivo de estudos e reforços em mais de uma ocasião. No início do ano de 2005, um novo e sério problema ocorreu com a obra, colocando-a em risco iminente de colapso: a detecção de uma forte inclinação nos pilares da linha de apoio P4 (lado Chapecó) motivada por empuxo do aterro de acesso executado impropriamente com blocos de rocha (rachão). O deslocamento do topo do pilar e 5 m de altura atingiu 55 cm, expulsando o aparelho de apoio e concentrando a reação da superestrutura na quina do pilar, o que provocou uma enorme rachadura na parte superior do mesmo com comprimento de aproximadamente 2,80 m. Estavam, assim, comprometidas as estabilidades global (pela inclinação do pilar) e local da estrutura (pela rachadura da cabeça do pilar). As peculiaridades do sistema estrutural da ponte, as falhas ocorridas e a concepção do projeto de reforço são descritas neste trabalho. O modelo em elementos finitos utilizado para a análise da estrutura é apresentado e os resultados obtidos são discutidos. São mostrados os detalhes mais importantes do projeto de reforço, que lançou mão de estacas raiz, de cortinas atirantadas e de protensão com cabos externos. Após os reforços emergenciais que garantiram a estabilidade da obra foram feitas provas de carga dinâmica e semi-estática pelo Laboratório de Sistemas Estruturais da USP. Com o intuito de comprovar sua eficiência, estes mesmos ensaios foram refeitos após a conclusão do reforço. Os resultados experimentais comprovaram a eficácia do reforço e o tráfego da via encontra-se restabelecido.